quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Amanhecendo.

Quando ela abriu os olhos, mal notou que as primeiras luzes do dia começavam a brilhar. Dormiu tanto depois do seu primeiro dia que mal percebeu que era o sol, dando o seu bom dia. Não viu o tempo passar. Não viu quanto tempo passou. Só sabia que ali estava ela, deitada naquela cama que passou a ser mais familiar. Teve apenas imagens rápidas e sem sentido algum da sua vida. Então aqueles rostos no relicário que antes eram desconhecidos agora eram mais nítidos. Ela não quis lembrar quem era, mais a lembrança veio muito forte. Seu coração estava explodindo, destruindo-a de dentro para fora, sem saber quem era,sem saber onde estava.
Por alguns minutos sentiu saudade. A xícara de café quente lhe esquentou o coração, apagou a dúvida, deu vontade de ficar. Ela ficou, aquela conversa prolongaria-se por horas, o dono da foto do relicário havia acabado de chegar.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Renascer

Foi como abrir os olhos e enxergar a cor do céu novamente. Nasceu de volta em um corpo que nunca foi seu, sendo alguém que nunca quis ser, nunca antes pensou em ser. Sentir saudade da simplicidade dos atos, da leveza e delicadeza que tudo costumava ter. Da nobreza.
Logo foi abraçada pela brisa. Passou dias de frio terríveis na última vez que esteve acordada. Sentiu a luz iluminar seu rosto, reacender sua velha chama, porém a própria já não tinha mais forças para permanecer acesa. Até que um velho homem lhe ofereceu uma pequena e delicada lamparina para que ela pudesse aquecer suas noites. Pendia também sob a mesa uma corda de ouro, um relicário. Não pareceu reconhecer os rostos que ali estavam, guardou-o em uma gaveta, pegou sua lamparina e dirigiu-se ao quarto e deitou-se naquela cama que ainda não era sua.
Prometeu a si mesma que não iria mais voltar.